A última 5ª-feira do mês de abril foi dia 25, feriado nacional. Como é óbvio, a efeméride não podia deixar de influenciar o nosso jantar. Verificou-se, então, que decorreu de forma bastante calma e descontraída, com o convívio ao sabor do momento a superar as refelxões sobre os néctares provados. Mas viver o vinho também é isto; em Portugal, o consumo de vinho é quase inseparável de uma refeição e de um grupo de pessoas.
Como acontece na maior
parte das vezes, iniciámos com bolhas. Curiosamente, de Távora
Varosa e da região dos Cava chegaram dois vinhos com um perfil muito
semelhante: suave, delicado, cítrico. Agradáveis na boca, mas sem
especial brliho.
O capítulo brancos abriu
com um Terra a Terra 2009, do Douro, que se mostrou em muito boa
forma face ao tempo decorrido; mais recente é o Terras d'Alter
2012, a mostrar as caracterísitcas do segmento (leve e frutado) sem
descurar o lado tropical da Antão Vaz; o fecho não foi a muita
distância, já que o Herdade do Rocim manteve-nos no Alentejo, com
uma presença mais estruturada e complexa, de agrado geral.
O capítulo dos tintos
iniciou por Itália, com um vinho não comercializado (D 2009) a
recolher a aprovação dos convivas, dada a elegância que
apresentou; seguiu-se um sempre exclusivo 2 Quintas Reserva Especial,
um pouco fechado, mas o arejamento permitiu revelar a sua qualidade
superior e a longevidade potencial; da Quinta da Romaneira
provámos o varietal de Touriga Nacional 2010, a mostrar grandes
complexidade e profundidade, já redondo e a proporcionar grande
prazer na prova; uma novidade, para nós, chamada Pedro Milanos, mais
um Douro, mostrou o perfil da região, ainda jovem e pujante; o fecho
foi com um dos nomes grandes do Douro - Pintas versão 2010 – que
mostrou o que os vinhos superiores têm: complexidade, estrutura,
frescura, mas também elegância, enfim, deixou-nos rendidos à sua
qualidade.
Assim, com boa
disposição, a habitual boa comida do Fusão e bons vinhos, tivemos
todos os ingredientes para mais um belo jantar.
Ainda falta o capítulo
sobremesa, que iniciou com um colheita tardia Diszonko tokaji, que
não apresentava informação sobre presença de uvas botitrizadas, o
que parece explicar o caráter menos doce, mais fresco e com maior
predomínio de frutos secos, face a outros vinhos da regiao que já
provámos; da Casa do Douro veio uma edição especial, um porto
branco colheita de 1964, que reuniu unanimidade na apreciação da
grande qualidade que mostrou.
Fim de festa e despedidas
até maio, que será um jantar diferente de qualquer outro do 4 horas
à mesa.
Para já, ficam as
habituais impressões dos 10 convivas de abril.
Entrada
Monte Castas Atitude: Cor citrina, nariz delicado, com toque cítrico e frutado. Na boca é fresco, suave e equilibrado. Final médio. Agradou.
Monte Castas Atitude: Cor citrina, nariz delicado, com toque cítrico e frutado. Na boca é fresco, suave e equilibrado. Final médio. Agradou.
Juvé Camps Reserva Familia: Cor citrina, nariz delicado, domina a fruta com ligeiras nuances minerais. Na boca é bem fresco, suave e equilibrado. Um Cava agradável, mas esperava-se mais face ao segmento em que se posiciona.
Brancos
Terra a Terra: cor
palha, aroma frutado com algum balsâmico. Textura suave, fresco e
equilibrado, acompanha o que mostrou no nariz e termina longo. Muito
bom, evoluiu bem em garrafa.
Terras d'Alter: cor palha, aroma tropical. Na boca mostra-se suave, fresco e equilibrado. Final médio, para um vinho agradável. Está perfeitamente à altura do que se espera do segmento.
Rocim: cor amarelo citrino, aroma frutado com notas de madeira. Suave, fresco e bem equilibrado, mantém o perfil até ao final médio. Muito bom, mostra bem a sua qualidade.
Tintos
Langhe D 2009: cor rubi, aroma frutado, com notas de madeira. Suave, fresco e com taninos ainda com alguma adstringência, termina médio. Foi de agrado geral, com apreciação global de muito bom.
2 Quintas Reserva Especial: cor rubi concentrada, o nariz iniciou algo fechado, frutado e com as nuances do estágio em madeira. Ao abrir mostrou mais complexidade. Encorpado, fresco, equilibrado, tem taninos redondos e termina longo. Ficámos com a sensação que não mostrou tudo o tinha para dar.
Langhe D 2009: cor rubi, aroma frutado, com notas de madeira. Suave, fresco e com taninos ainda com alguma adstringência, termina médio. Foi de agrado geral, com apreciação global de muito bom.
2 Quintas Reserva Especial: cor rubi concentrada, o nariz iniciou algo fechado, frutado e com as nuances do estágio em madeira. Ao abrir mostrou mais complexidade. Encorpado, fresco, equilibrado, tem taninos redondos e termina longo. Ficámos com a sensação que não mostrou tudo o tinha para dar.
Quinta da Romaneira TN: cor rubi concentrada, aroma frutado, floral, mineral e especiado. Na boca é encorpado, fresco, equilibrado e com taninos redondos e envolvidos. Termina longo, um belo vinho.
Pedro Milanos: cor rubi, aroma frutado, especiado e com algum balsâmico. Na boca é suave, fresco, equilibrado e com taninos redondos. Termina médio, com uma apreciação global de muito bom.
Pintas: cor rubi fechada, no nariz sente-se de imediato as concentração e complexidade de um vinho superior, com fruta de grande qualidade acompanhada de especiarias e balsâmicos da barrica. Encorpado, fresco, muito equilibrado e com taninos redondos, termina longo. A excelência fechou o painel de tintos.
Sobremesa
Disznoko Tokaji: cor palha, nariz essencialmente frutado. Fresco, suave e equilibrado, termina médio. Um vinho que agradou bastante, muito bom.
Disznoko Tokaji: cor palha, nariz essencialmente frutado. Fresco, suave e equilibrado, termina médio. Um vinho que agradou bastante, muito bom.
Casa do Douro branco: cor cobre, nariz muito complexo. Fresco, suave e equilibrado, termina médio. Uma boa surpresa, diferente do que habitualmente se prova nos jantares. Muito bom.
Nome Vinho | Ano | Tipo | Castas | Região | Produtor | Preço Prateleira | Nota |
Monte Cascas Atitude | 2009 | Espumante | Malvasia Fina, Touriga Nacional | Távora-Varosa | Cascas Wines | 12,50 € | 15 |
Juve Camps Gran Reserva de la Familia | 2008 | Cava | Chardonnay | Cava | Juve & Camps | 14,00 € | 15,5 |
Terra a Terra | 2009 | Branco | Gouveio, Viosinho, Rabigato | Douro | Quanta Terra Soc. Vinhos | 9,00 € | 15,5 |
Terras d'Alter | 2012 | Branco | Reg. Alentejano | Terras d'Alter | 4,00 € | 15 | |
Herdade do Rocim | 2011 | Branco | Antão Vaz, Arinto, Roupeiro | Reg. Alentejano | Herdade do Rocim | 7,50 € | 16,5 |
D 2009 | 2009 | Tinto | Nebbiolo, Barbaresco | Langhe – Itália | 16 | ||
Duas Quintas Reserva Especial | 2005 | Tinto | Douro | Ramos Pinto | 75,00 € | 16,5 | |
Quinta da Romaneira TN | 2010 | Tinto | Touriga Nacional | Douro | Quinta da Romaneira | 22,00 € | 16,5 |
Pedro Milanos | 2009 | Tinto | Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Barroca | Douro | Maria Luísa Silva Valente | 9,00 € | 16 |
Pintas | 2010 | Tinto | Vinhas velhas | Douro | Wine & Soul | 60,00 € | 18 |
Disznoko Tokaji | 2011 | Colheita tardia | Furmint | Hungria | Disznoko Szalobirtok | 16 | |
Casa do Douro Branco | 1964 | Vinho do Porto | Vinho do Porto | Casa do Douro | 17 |