terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Jantar novembro 2013



Em novembro de 2013 iniciámos uma fase diferente no que diz respeito a restaurantes. Se até esta data os jantares decorriam no mesmo local, nos próximos eventos teremos maior diversificação. Será uma experiência gira, logo se verá se para durar ou voltar ao conforto da estabilidade. Nesta primeira etapa, estivemos no restaurante O Cangalho, em Vila do Conde, um local pequeno e muito acolhedor, com cozinha tipo tradicional muito bem confecionada, que recolheu uma aprovação entusiástica dos participantes. Parabéns à casa e obrigado por nos ter recebido.
Como habitualmente, o arranque foi com espumantes. Desta vez, foi dose dupla da Quinta da Mata Fidalga, produtor Bairradino. 
Quinta da Mata Fidalga: o entrada de gama, homónimo do produtor, mostrou-se fresco e muito agradável, bem adequado a acompanhar entradas. Notas de prova: cor citrina, aroma delicado, essencialmente frutado, fresco, suave e equilibrado, junta algum vegetal na boca, até ao final curto. 
QMF Reserva Pessoal: um pouco acima, tivemos este Reserva Pessoal, ano 2006, cuja complexidade demonstrou a sua gama, embora os primeiros sinais do tempo já se comecem a notar. Mais versátil, mostra características para acompanhar pratos principais. Notas de prova: cor citrina, aroma complexo, com balsâmicos e notas amadeiradas. Na boca já não mostrava a frescura dos tempos iniciais, termina médio.

O capítulo brancos brancos teve dimensão reduzida, apenas 3.
Começámos com o Pequenos Rebentos Alvarinho, versão 2012, que teve mais uma presença aprovada por unanimidade e aclamação. Aos aromas da casta junta-se um corpo acima da média e uma acidez bem equilibrada, portanto, condições reunidas para agradar e muito. Como complemento, temos um preço competitivo para a qualidade. Notas de prova: cor amarelo palha, nariz frutado e vegetal. Suave, fresco e equilibrado, mostra alguma cremosidade na boca, até ao bom final. Muito bom.

Seguiu-se um vinho das Bodegas Santiago Ruiz, com o mesmo nome, das Rias Baixas, Espanha, que revelou um estilo fácil, agradável, adequado para um consumo descontraído, não propriamente o estilo apreciado pelo painel. Notas de prova: cor amarelo citrino, aromas frutados e vegetais. Fresco, suave e equilibrado na boca, termina médio.
O fecho dos brancos foi entusiasmante, com o Quinta da Rede Grande Reserva. Este duriense, lote de arinto e rabigato, mostrou um equilíbrio superior entre uma boa frescura e os corpo e complexidade com que a passagem por madeira contribuiu. Assim, teve a capacidade de agradar a quem prefere vinhos mais frescos e a quem prefere mais trabalhados. A média coloca-o no patamar da excelência, muito bom para o custo. Notas de prova: cor citrina, aromas balsâmicos e notas do estágio em madeira. Bem fresco, suave e equilibrado, mostra madeira muito bem trabalhada. Termina longo, muito bom.
Se a presença de brancos foi abaixo do habitual, os 5 tintos compensaram, curiosamente 4 deles varietais. 
Iniciámos com o Proibido, nome sugestivo para um vinho do Douro elaborado a partir de vinhas velhas, que mostrou o caráter dos grandes reserva do Douro e um potencial de longevidade assinalável; mereceu aprovação geral. Notas de prova: cor rubi, nariz frutado, floral, balsâmico e nuances amadeiradas. Fresco, encorpado, equilibrado e com taninos redondos, termina longo. Excelente.
Seguiu-se o Gestos, um Malbec da Argentina, que teve uma presença agradável, suave, fácil de gostar, mas não entusiasmou. O preço ao nível dos €10,00 não é nada convidativo, mas tratando-se de um vinho estrangeiro, já sabemos que a lógica deverá ser ajustada. Notas de prova: cor rubi, nariz frutado e vegetal. Na boca, é suave, fresco, equilibrado, tem taninos redondos e termina médio.
Desde 2007, pelo menos, que o Quinta do Vallado Touriga Nacional é associado pelos enófilos a um vinho de grande qualidade. Por cá passou o 2011, ano marcante no Douro, e mais uma vez a qualidade revelou-se, num perfil concentrado, estruturado, mas fresco e elegante: um vinho muito bom. Notas de prova: cor rubi, nariz frutado e com nunces do estágio em madeira. Encorpado, fresco, equilibrado, com taninos redondos, termina longo. Muito bom.

Depois do intervalo em Portugal, nova viagem, desta vez até aos EUA, de onde veio um Cabernet Sauvignon de Napa Valley. Phillipe Lorraine Reserve, de 2005, chegou já polido, apelativo e até sedutor, conquistou-nos com o seu perfil de puro prazer na prova. Notas de prova: cor rubi, aromas especiados, balsâmicos e notas de madeira. Fresco, suave e equilibrado, mostrou taninos evoluídos. Termina longo. Excelente.
De novo do lado de cá do Atlântico, desta vez em Itália, onde na região do Piemonte é produzido o Langhe Nebbiolo, varietal dessa famosa casta local. Lançou-nos numa conversa sobre hábitos e perfis de consumo, já que o vinho fresco e estruturado de 2009 está muito bom, mas no seu país de origem ainda teria uns anos valentes de espera até ser considerado no ponto para beber. Mostrou o caráter especiado da casta, num perfil diferente do Português, mas quase todos reconheceram qualidade e apreciaram este néctar transalpino. Notas de prova: Cor rubi, nariz especiado e com notas de madeira, na boca é suave, equilibrado, com taninos adstringentes. Termina longo, tal como o tempo de vida que tem pela frente. Muito bom.

Nas sobremesas, o Vinho do Porto reinou.
Iniciámos com o Taylor's LBV 1996 que não deixou uma impressão muito positiva. Tudo aponta para ter sido desenhado para consumo rápido, pelo que já mostrava sinais de cansaço e marcas do tempo. Ainda estava agradável, mas no percurso descendente. Notas de prova: cor rubi acastanhado, nariz com notas de geleias. Suave, fresco e equilibrado, termina médio. Agradável.
De uma pequena produção particular, provámos um Vinho do Porto Velho, lote de 2 colheitas 1931/1983. A história é muito diferente, porque esteve à altura da excelência que este tipo de vinhos nos proporciona, num misto de complexidade, corpo e doçura. Notas de prova: cor caramelo, complexo no nariz, com nuances de café e iodo, entre outros. Encorpado, fresco, textura untuosa, termina longo. Um vinho magnético, sedutor, excelente.

Nome Vinho Ano Tipo Castas Região Produtor Preço Prateleira Nota
Quinta da Mata Fidalga 2010 Espumante Chardonnay, Baga, Arinto, Maria Gomes Bairrada Quinta da Mata Fidalga 6,50 € 15,5
Quinta da Mata Fidalga Reserva Pessoal 2006 Espumante
Bairrada Quinta da Mata Fidalga 12,50 € 16
Pequenos Rebentos 2012 Branco Alvarinho Vinhos Verdes Márcio Lopes 8,00 € 17
Santiago Ruiz 2012 Branco
Rias Baixas Bodegas Santiago Ruiz 10,50 € 14,5
Quinta Rede Grande Reserva 2010 Branco Arinto, Rabigato Douro Quinta da Rede 13,00 € 17,5
Proibido 2010 Tinto Vinhas velhas Douro Márcio Lopes 25,00 € 17
Gestos 2011 Tinto Malbec Argentina Finca Flichman 10,00 € 15
Quinta do Valado TN 2011 Tinto Touriga Nacional Douro Quinta do Valado 18,00 € 16,5
Phillipe Lorraine Reserve 2005 Tinto Cabernet Sauvignon Napa Valley Phillipe Lorraine 25,00 € 17,5
Langhe Nebbiolo 2009 Tinto Nebbiolo Piemonte Itália La Spinetta 21,00 € 16,5
Taylor's LBV 1996 Vinho do Porto
Vinho do Porto Flagdate Partnership 13,00 € 15
Vinho Porto Velho 1931/ 1983 Fortificado

Particular
18

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Jantar outubro 2013



O jantar de outubro contou com a presença de um distribuidor da Herdade das Servas, que teve a gentileza de trazer algumas novidades para apresentar ao 4 HM. Face a este contributo externo, os elementos do clube asseguraram parte do painel, pelo que foi possível fazer algumas escolhas de segmento mais elevado.
O início colocou logo o patamar bem alto, com o Murganheira Touriga Nacional a abrir com a qualidade superior a que esta casa nos habituou. Seguiu-se um Pinot Noir vindo de Itália, que agradou e convenceu.
O capítulo brancos começou pelo Douro, com 2 brancos da parceria de João Silva e Sousa com Francisco Baptista. O Andreza Códega do Larinho recolheu aprovação unânime, com a mineralidade e o seu corpo acima da média a destacar-se, e o Andreza Verdelho e Viosinho a mostrar um perfil bem agradável e fácil de beber e gostar. Seguiu-se um passeio em dose dupla pelo Alentejo. Primeiro um branco que demonstra com consistência tratar-se de uma boa opção, o Herdade das Servas, com as frescura e complexidade a colocá-lo num patamar de qualidade bem elevado face ao custo. Também o Conde d'Ervideira Reserva, um Antão Vaz com passagem por madeira, mereceu aprovação geral e revelou uma boa relação qualidade/preço. O fecho do capítulo foi bem menos consensual. Pela mesa passou o Pai Abel Chumbado, produzido pela Quinta das Bágeiras e que não conseguiu certificação na CVR Bairradina. Coincidência ou não, este vinho dividiu os presentes e às vozes que gostaram juntaram-se outras vozes que o... chumbaram. É, de facto, um vinho diferente, o que pode originar reações pouco homogénas.
O capítulo tintos ficou totalmente entregue à Herdade das Servas. Iniciou com o Colheita Selecionada, um vinho que esteve muito bem, de agrado geral e mostrou uma relação qualidade/preço acima da média. As novidades da casa passam por 2 varietais (Alfrocheiro e Petit Verdot) e um lote Touriga Nacional / Syrah. São 3 vinhos de gama alta, com belo trabalho na adega, que conquistaram os presentes. Os vinhos apresentam as diferenças das castas que os originam, mas o grau de aprovação na assembleia foi muito semelhante. Em termos de pontuação o Alfrocheiro teve uma vantagem de décimas face aos outros 2. São vinhos de grande qualidade, com potencial de evolução em garrafa, assim, ficam os parabéns ao produtor.
Nas sobremesas, arranque com um Sauternes, que esteve ao nível do que se espera da categoria, com complexidade e boa presença de boca. Seguiu-se o LBV 2003 da Quinta do Noval, que dividiu um pouco a plateia e acabou por ter uma recetividade inferior ao que se espera dessa casa de referência no Vinho do Porto.


 
Nome Vinho Ano Tipo Castas Região Produtor Preço Prateleira Nota
Murganheira Blanc de Noirs 2006 Espumante Touriga Nacional Távora-Varosa DOC Murganheira Vinhos e Espumantes 15,00 € 16,5
Monteguzzo Dolcefuoco 2010 Spumanti Pinot Noir Itália Azz. Agr. Monteguzzo 16,00 € 16,5
Andreza 2012 Branco Códega Larinho Douro Lua Cheia em vinhas velhas 7,20 € 16,5
Andreza 2012 Branco Verdelho, Viosinho Douro Lua Cheia em vinhas velhas 7,20 € 15
Herdade das Servas 2011 Branco Roupeiro, Alvarinho, Verdelho Reg. Alentejano Herdade das Servas 9,00 € 17
Conde d'Ervideira Reserva 2012 Branco Antão Vaz Reg. Alentejano Ervideira Soc. Agrícola 9,00 € 16,5
Pai Abel Chumbado 2011 Branco

Quinta das Bágeiras 24,00 € 16
Herdade das Servas Colh. Selecionada 2010 Branco Touriga Nacional, Aragonez, Trincadeira, Alicante Bouschet Alentejo Herdade das Servas 9,00 € 16,5
Herdade das Servas TN/Syrah 2009 Tinto Touriga Nacional, Syrah Reg. Alentejano Herdade das Servas 18,00 € 17
Herdade das Servas Ptit Verdot 2010 Tinto Petit Verdot Reg. Alentejano Herdade das Servas 18,00 € 17
Herdade das Servas Alfrocheiro 2010 Tinto Alfrocheiro Reg. Alentejano Herdade das Servas 18,00 € 17,5
Sauterne 2011 Late Harvest
Sauternes
25,00 € 15,5
Noval LBV 2003 Vinho do Porto
Vinho do Porto Quinta do Noval 19,00 € 15,5