Em fevereiro de 2014, o nosso período de deambulação por
restaurantes levou-nos até ao A Casinha. Localiza-se na zona do Freixieiro, bem
perto do Aeroporto Francisco Sá Carneiro. Numa rua secundária espera-nos uma moradia
(a tal Casinha?), onde um restaurante existe para receber e tratar bem os seus
clientes. Não fomos exceção e o incansável Sr. Vítor preparou-nos um menu
degustação que mais parecia um banquete. O resultado foi excelente, com uma
variedade de perder a conta acompanhada de alta qualidade na elaboração.
A conjugação da
qualidade do local, dos vinhos e de um grupo cheio de afinidades só poderia
originar um belo serão. Os devidos agradecimentos ao restaurante, que
proporcionou condições para tal, sem esquecer os participantes que se deixaram
contagiar pelo ambiente que se criou.
O arranque foi com um
espumante nacional, desenhado essencialmente para exportação. A Raposeira
elabora um Super Reserva Peerless, que se revelou muito bom. Cor
citrina, aroma delicado, com alguma complexidade; na boca é leve, fresco,
mousse interessante e final longo. Agradou, muito bom.
Passagem de imediato
para o capítulo brancos, que iniciou com o MOB (Moreira, Olozabal e
Borges), parceria de enólogos mais ligados ao Douro, desta vez no Dão. O vinho
mostrou-se jovem e com as características da região, cor citrina, aroma com
toque mineral e fumado, concentração média. Na boca, elegante, fresco e
agradável, final médio. Bem feito, agradou, mas sem grande entusiasmo.
Uma subida até ao
Douro trouxe o Meruge branco, que também mostrou carácter duriense, ou
não fosse um varietal de Viosinho. Cor citrina, aroma frutado, balsâmico e
notas de madeira, fresco, suave e equilibrado na boca, termina médio. De agrado
geral, muito bom. Uma viagem no tempo levou-nos até ao Conde d'Ervideira
2008, já com sinais de evolução, mas qualidade intacta. Cor amarelo intenso,
aroma complexo, com nuances balsâmicas e de madeira, fresco, textura cremosa e
equilibrado, termina médio. Ninguém estranhou, a boa forma do vinho agradou à
plateia e a classificação global coloca-o no muito bom.
O jogo de ténis de
mesa vínico teve início com o regresso ao Douro através de um entusiasmante Mãos
Reserva. Provámos a colheita 2010 e estava em grande forma. Cor palha,
aroma complexo, com nuances frutadas, especiadas e notas do estágio em madeira.
Suave, fresco e equilibrado na boca, termina longo. Um vinho que causou impacto
pela positiva, reuniu consenso e atingiu a excelência. Parabéns aos irmãos que
elaboram este belo branco. Um vinho com presença assídua nos nossos jantares é
o Esporão Reserva, uma referência ao nível de relação qualidade/preço
quando falamos de vinhos brancos. Mais uma vez agradou a todos os presentes,
com a sua cor amarela, aromas ainda com traços frutados e vegetais, a textura
já suavizada apresenta os primeiros sinais de cremosidade, sem sacrificar uma
boa frescura. Termina longo, muito bom. Um vinho com uma consistência
qualitativa muito interessante.
A hora de mudar de
cor chegou e fizemos uma viagem até à Toscana, com o Il Gentili de Casanova,
do produtor La Spinetta, que está a angariar adeptos no nosso clube. De cor
rubi, aromas jovens, frutados e florais; suave, taninos com alguma
adstringência, fresco e equilibrado, termina médio. Um vinho muito agradável.
Regressámos a Portugal e ao Dão, onde é elaborado o Ladeira da Santa Reserva.
Cor rubi, aroma essencialmente frutado. Na boca é suave, fresco e equilibrado e
termina médio. Um vinho que agradou, mas não gerou particular entusiasmo, o que
não seria de esperar. Também nos tintos recuámos uns anos e fomos até ao Meandro
do Vale Meão 2003. O vinho estava em grande forma e entusiasmou os
presentes. A cor acastanhada denunciava o seu tempo de vida, que, por sua vez,
proporcionou aromas elegantes de suave complexidade, com a especiaria da madeira
a juntar-se a balsâmicos e ainda alguma fruta madura. Na boca, fresco,
elegante, polido e final longo para um vinho encantador. Muito bom,
justifica-se esquecer uma garrafas durante uns anos na cave... O fecho do
capítulo tintos foi com o Bafarela Grande Reserva 2011, mais um vinho
que convenceu os presentes. Cor rubi,
aroma frutado, floral e com nuances especiadas do estágio em barrica.
Encorpado, taninos presentes, fresco e equilibrado, termina longo. Um belo
vinho de um grande ano no Douro, que resulta numa boa relação qualidade/preço.
Muito bom, para beber já ou guardar uns anos.
A maratona de provas
já ia longa, mas ainda faltavam os vinhos de sobremesa, que também não pecaram
por defeito: 3.
Arranque com o Quinta Mata Fidalga Colheita Tardia, ainda com perfil jovem e agradável. Cor palha, nariz frutado, balsâmico e nuances de madeira; na boca encorpado, fresco e equilibrado, até ao final médio. Seguiu-se o Quinta da Sequeira Colheita Tardia, curiosamente do mesmo ano (2009), mas com perfil mais complexo. Cor amarelo dourado, nariz com mais notas especiadas e de madeira, na boca mostrou-se untuoso na textura, fresco e equilibrado. Final longo, muito bom. O fecho foi com chave de ouro, com um Ramos Pinto Vintage 1983, em grande forma, que arrebatou a plateia. Cor acastanhada, aromas de grande complexidade, onde especiarias, frutos secos, caramelo ou iodo saltavam para o nariz a cada aproximação, muito elegante e polido na boca, terminava longo e encantador. Um grande vinho, que atingiu a excelência.
Arranque com o Quinta Mata Fidalga Colheita Tardia, ainda com perfil jovem e agradável. Cor palha, nariz frutado, balsâmico e nuances de madeira; na boca encorpado, fresco e equilibrado, até ao final médio. Seguiu-se o Quinta da Sequeira Colheita Tardia, curiosamente do mesmo ano (2009), mas com perfil mais complexo. Cor amarelo dourado, nariz com mais notas especiadas e de madeira, na boca mostrou-se untuoso na textura, fresco e equilibrado. Final longo, muito bom. O fecho foi com chave de ouro, com um Ramos Pinto Vintage 1983, em grande forma, que arrebatou a plateia. Cor acastanhada, aromas de grande complexidade, onde especiarias, frutos secos, caramelo ou iodo saltavam para o nariz a cada aproximação, muito elegante e polido na boca, terminava longo e encantador. Um grande vinho, que atingiu a excelência.
Terminou, então, uma
noite muito intensa nos capítulos vínico e gastronómico, com uma enorme
satisfação entre os presentes por um magnífico serão. Parabéns e agradecimentos
ao restaurante A Casinha.
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