sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Jantar março 2014



O Terrella é um espaço recente na cidade do Porto e teve a amabilidade de nos receber em março. Localiza-se bem ao lado da Casa da Música, tem um espaço amplo, muito agradável, que nos faz sentir confortáveis. A bandeira do restaurante é que conta com o Chefe Hélio Loureiro como consultor, portanto, a expetativa quanto à refeição está sempre elevada. O facto é que correspondeu, apresentou um menu muito bom, que contou com a companhia de um painel de vinhos muito coeso e de qualidade elevada. Os brancos e os tintos estiveram com alto nível.
 Como habitualmente, iniciámos com um espumante, desta vez Hibernus Blanc de Noirs 2011, bem fresco e com bolha delicada, apresenta nariz algo indefinido, é equilibrado e muito agradável. Seguiu-se o Murganheira Chardonnay 2006, que nos trouxe a qualidade da casa com um espumante amarelo palha, aroma complexo, com notas balsâmicas, especiadas e de madeira, na boca uma frescura notória, fruto de uma acidez bem vincada, mas tudo em equilíbrio até ao final longo. Um espumante muito bom, que reuniu unanimidade.
O capítulo brancos começou com o Quinta da Sequeira Reserva 2012, que se revelou um belo vinho. Cor citrina fechada, aroma frutado e com complexidade especiada da barrica. Na boca, podemos saborear um vinho encorpado, com uma textura cremosa, muito apelativa e perfil seco. Final longo, para um vinho sedutor, entusiasmante. Seguiu-se o Quinta do Boição Reserva 2010. Neste vinho, o tempo já fez parte do seu trabalho. A cor mantém-se aberta, mas os aromas já mostram alguns frutos secos, a acompanhar as especiarias e as notas das barrica. Encorpado e cremoso, a acidez do Arinto dá-lhe uma bela frescura para a idade. Final longo, um vinho muito bom, que também reuniu aprovação global.
 
O fecho dos brancos foi a rendição a um grande vinho: Principal Reserva 2010. Cor citrina carregada, nariz complexo, frutado, com as notas especiadas da barrica (côco...). Na boca, a frescura única da bairrada, com corpo, equilíbrio e final longo. Um portento de potência, equilíbrio, sabor e potencial de evolução em garrafa. Excelente.
Passagem para os tinto com um Pinot Noir 2010 Duriense do produtor Aneto. Cor rubi, aroma fresco, jovem, com furta, especiarias e notas florais. Na boca, o que se espera da casta, corpo médio, textura gordurosa, delicado, suave e fresco. Final médio, para um vinho sedutor, que na sua finesse, encantou e reuniu aprovação geral. Muito bom.
Seguiu-se um saltinho até França, Médoc, com o Laroque Cantegrelle 2011, vinho cor rubi, aroma complexo, com notas de couro a juntarem-se aos balsâmicos e madeira. Na boca, taninos bem presentes, mas sem prejudicar o equilíbrio global de um vinho fresco, suave e com final médio. Um vinho que agradou aos convivas, seduzidos pela sua elegância. Muito bom. O passeio pela Europa não se ficou por França, já que a paragem seguinte foi Itália. Da Toscana bebemos um Sangiovese do produtor La Spinetta, Sezzana 2004, que entusiasmou o grupo. Cor grená, aromas especiados e com notas de madeira, na boca encorpado, taninos ainda bem vivos, tudo equilibrado com uma boa frescura. Final longo, um vinho excelente que nos conquistou.
O regresso a Portugal não ficou atrás das provas internacionais, bem pelo contrário. Na mesa esteve um Quinta do Noval 2005, um daqueles vinhos difíceis de descrever pelo tremendo impacto que teve no grupo. Seja pelos aromas encantadores, pela boca fantástica de um grande vinho polido, pelo final enorme, o facto é que foi um vinho que fez com que tudo parasse para o apreciar e nos proporcionou um momento magnífico de degustação vínica. Um vinho simplesmente soberbo.

Faltavam ainda os vinhos de sobremesa. Início com um moscatel produzido na zona de Óbidos, Dacalada Clemente de B, que se mostrou muito agradável, com a sua cor ambarina, nariz floral, suave, fresco e equilibrado na boca e com final médio. Uma boa opção relação qualidade/preço. Descemos de seguida até Palmela, para o Horácio Simões Bastardo. Embora servido acima da temperatura ideal, deu boa mostra de si, com cor acobreada, nariz complexo, boca suave e final médio. É injusto referi-lo neste texto, porque não teve a degustação mais adequada, mas o caráter está lá e agradou aos presentes.

Fim de uma ótima festa, com boa comida e grandes vinhos a acompanhar. Renovados agradecimentos ao Terrella e parabéns ao grupo por mais uma excelente noite. Fecho com a habitual informação detalhada dos vinhos e a médias das classificações dos 10 enófilos.


Nome Vinho Ano Tipo Castas Região Produtor Preço Prateleira Nota
Hibernus Cuvée Noirs 2011 Espumante Baga, Touriga Nacional Bairrada Maria Rosário Reis Tiago Carvalho 20,00 € 15,5
Murganheira Chardonnay 2006 Espumante Chardonnay Távora-Varosa Murganheira Vinhos e Espumantes 21,50 € 17
Quinta da Sequeira Reserva 2012 Branco Malvasia Fina, Rabigato, Gouveio, Códega Larinho Douro Quinta da Sequeira 16,00 € 17,5
Quinta Boição Reserva 2010 Branco Arinto Bucelas Quinta do Boição 10,00 € 17,5
Principal Reserva 2010 Branco
Bairrada Colinas S. Lourenço 22,00 € 17,5
Aneto Pinot Noir 2010 Tinto Pinot Noir Reg. Duriense Aneto 16,00 € 16,5
Laroque Cantegrelle 2011 Tinto Cabernet Sauvignon, Cab Franc, Merlot, Malbec, Petit Verdot Medoc Les Celliers de La Chapelle 12,00 € 17
Sezzana 2004 Tinto Sangiovese Toscana La Spinetta 50,00 € 18
Quinta do Noval 2005 Tinto
Douro Quinta do Noval 50,00 € 18,5
Dacalada Cemente de B
Licoroso Moscatel
BCH Comércio Vinhos 7,00 € 15
Horácio Simões Bastardo 2009 Licoroso Bastardo Palmela Quinta do Anjo – Horácio Reis Simões 20,00 € 16

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