terça-feira, 30 de junho de 2015

Jantar fevereiro 2015


O jantar de fevereiro foi diferente e bem especial. Se os vinhos Italianos têm marcado presença assídua, desta vez fomos mais longe: o nosso estimado Marco Giorgetti assegurou pratos e vinhos de Itália, mais especificamente do Piemonte. Foi o mais internacional dos nossos jantares e excelente: comida ótima, vinhos gastronómicos e de grande qualidade, o que proporcionou, naturalmente, um fantástico momento.
O Piemonte situa-se no noroeste de Itália, junta à fronteira com a França, circundado a norte e oeste pelos Alpes e protegido do vento mediterrânico do sul pelo Appennino da região da Ligúria (fica um pouco abaixo). Tem como capital Turim. No Piemonte temos várias regiões vínicas, algumas bem conhecidas, como Langhe (património UNESCO 2014), onde se situam as sub-regiões Barolo, Barbaresco e Asti/Canelli. A região dos Barolo e Barbaresco tem como cidade de referência Alba (Alba Pompeia).
O arranque foi com bolhas. Em Itália, além do mais conhecido Prosecco (produzido com o método Charmat-Martinotti), existem diversas áreas que produzem espumante segundo o método clássico. Uma destas é a área de Canelli (mais famosa pelo Moscato), que foi a primeira do país a produzir espumantes. O produtor Contratto foi o primeiro a produzir um Millesimée. Começámos com um Contratto Blanc de Blancs 2010, 100% Chardonnay, que se mostrou bem agradável, com cor palha fora do comum, aromas amanteigados, boca suave, fresca e equilibrada até ao final médio. A versão Contratto Rosé, também 2010, foi bem mais do agrado dos convivas. Com complexidade muito atrativa nos aromas, mostra bela cremosidade e boa frescura na boca. Termina longo, muito bom. Um espumante que reuniu aprovação geral.

O capítulo brancos foi com um Vermentino de Toscana, elaborado com a casta Vermentino, cujo teste ADN revelou corresponder à nossa Códega do Larinho. É um vinho de grande prazer na prova, que repetiu presença e sucesso. Cor palha, aromas frutados e minerais; suave, fresco e equilibrado, termina médio. Muito bom. Neste caso, fizemos um desvio à região da Toscana, mais próxima do centro do país.

Mas o Piemonte tem nos tintos o seu forte. A casta Nebbiolo, de quem Júlio César já era grande apreciador, origina vinhos de renome mundial, especialmente os produzidos nas regiões de Barbaresco e Barolo. Não faltaram na noite, obviamente.
Arranque dos tintos com 2 Barbarescos: Vigneto Bordini 2007, de cor grená, aroma complexo, com notas balsâmicas e de madeira. Na boca, mostra corpo médio, uma estrutura de taninos muito forte, que confere alguma adstringência. Mantém-se equilibrado, final médio e muito bom. O caráter seco dos taninos dividiu um pouco os presentes, mas o grande potencial do vinho foi reconhecido de forma unânime; o outro Barbaresco foi o Vigneto Stardere Vursu 2006, cor rubi, aroma mais marcadamente especiado, mas também os balsâmicos e a madeira se mostravam. Presença de boca muito semelhante ao anterior, fresco, equilibrado, super estruturado (alguma adstringência), final médio. Muito bom. Há naturalmente muitas semelhanças entre os vinhos, mas transmitem algumas diferenças ao nível aromático e da adstringência dos taninos: efeito terroir e ano.

Seguiram-se os imponentes Barolo, com um leão no rótulo a transmitir o posicionamento topo do vinhos. O Vigneto Garretti 2010 mostrou uma cor rubi, aromas especiados típicos do Nebbiolo, na boca corpo médio, bela estrutura de taninos redondos e fesco. Termina longo, excelente. As concentração e equilíbrio são notáveis e encantadoras. Naturalmente, aprovação geral. O Vigneto Campe Vursu 2005 subiu ainda mais o patamar. Tempo e terroir contribuíram para uma grande complexidade no nariz e uma presença excelente na boca, mais encorpado, mais polido, fresco e com final longo. Excelência no copo, num vinho de puro prazer. Foi a rendição total, aprovado por unanimidade e aclamação.

Para acompanhar a sobremesa algo mais leve, perfumado e adocicado: um Moscato Biancospino 2014. Este moscato não é espumantizado e estagia apenas 15 dias no autoclave para originar um vinho fresco, adocicado e uma graduação próxima dos 5%. O Biancospino foi, juntamente com o seu irmão Bricco Quaglia, o primeiro varietal desta casta em Itália. Produzido entre as sub-regiões de Barbaresco e Canelli, é um dos melhores do país pela forma como alia a frescura dos brancos de Canelli à força e elegância dos Barbaresco. Um vinho agradável, equilibrado, fácil de beber, para momentos descontraídos ou de socialização.
Em dois dos vinhos provados destacou-se a palavra Vursu. É um termo do dialeto do Piemonte que tem um significado muito especial, na medida em que informa o mundo que o vinho corresponde ao objetivo do produtor. Era mesmo aquele vinho que pretendia fazer.

É difícil exprimir como vivemos a experiência deste jantar, dada a especificidade do que provámos. Resta agradecer ao Marco Giorgetti ter preparado o evento e ao Villazur a disponibilização dos meios logísticos para tal. Só foi possível após meses a experimentar e entender os vinhos do Piemonte, em especial os do produtor La Spinetta, que conquistou uma imagem de grande qualidade no 4 Horas à Mesa.


Nome Vinho Ano Tipo Castas Região Produtor Preço Prateleira Nota
Contratto Blanc de Blancs 2010 Espumante Chardonnay Piemonte Itália G. Contratto 20,00 € 16
Contratto Rosé 2010 Espumante Pinot Noir Piemonte Itália G. Contratto 25,00 € 17
Vermentino de Toscana 2012 Branco Vermentino Toscana Vermentino IGT La Spinetta 15,00 € 17
Barbaresco Vigneto Bordini 2007 Tinto Nebbiolo Barbaresco DOCG La Spinetta 40,00 € 16
Vursu Vigneto Starderi Nuriv 2006 Tinto Nebbiolo Barbaresco DOCG La Spinetta 98,00 € 17,5
Barolo Vigneto Garreti 2010 Tinto Nebbiolo Barolo DOCG La Spinetta 40,00 € 17
Vursu Vigneto Campe 2005 Tinto Nebbiolo Barolo DOCG La Spinetta 110,00 € 18,5
Biancospino 2014 Branco Moscato d'Asti Moscato d'Asti La Spinetta 12,00 € 15,5


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